terça-feira, 11 de março de 2008

POESIA

ÁRVORES TORTAS


Árvores tortas
Nada mortas
Esperam esculturais
Olhos e orvalhos
jorram flores, frutos
e de suas pontas antenadas,
parabólicas folhas hipersensíveis
telepateiam informações vitais

Abraço o tronco cascorento
Toco meu peito e sintonizo as seivas
As colunas que sustentam nossos templos
Paralelas apontam o mesmo céu
Arvoro remeter abraços
Mandar lembranças
Matar saudades
E cada ponta e cada parabólica folha
Repete a mensagem

Da mesma forma
ecoa no meu oco
O berro reverberado
Da errônea conjugação do verbo
Coletivo arvorado
Mata, matar
Mato morrer
Soluçando soluciono o problema
de raízes nada quadradas
Vivendo a mata
Salvando a selva
Rego poemas
Pró emas, antas, mutuns, macacos, cutias
Tudo pró tu e pró tatu
Rimo romances
Num encontro acasalado
De cada casal:
alado, peludo, escamado, plumado ou pelado

Mando um abraço
Para que em cada folha de vossa vida
Flua a seiva que te salva
Cante o bicho que te anima
Brote a flor que te desabrocha
Ferva o amor que te faz vivo.
Este abraço profundo
Antenado com tudo
Selo com um beijo
Daqueles de flor e beija-flor
Doce, profundo, nutritivo e fecundo

Luciano Astiko
11/06/03

Nenhum comentário: